Enquanto consideramos o assunto da reunião de oração, vamos prestar atenção em Atos 2:42: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações". Creio que trata-se, aqui, da oração coletiva, oração em assembléia. Outro exemplo é encontrado no capítulo 12, versículo 5: "Pedro, pois, era guardado na prisão: mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus". Temos aqui a oração em assembléia. No versículo 12, há uma expressão prática disso. "E, considerando ele (Pedro) nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam". Note que diz que muitos estavam reunidos orando.
A Presença do Senhor na Reunião de Oração
A presença do Senhor é prometida aos dois ou três reunidos ao Seu nome. Que bendita provisão é esta para um dia de ruína! Apenas a um pequeno punhado de pessoas reunidas ao Seu nome é prometida a presença do Senhor em conexão, não somente com a disciplina da assembléia, mas também com a oração da assembléia. Vamos ler Mateus 18 em relação a isto, os bem conhecidos versículo 19 e 20: "Também vos digo que, se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí, estou Eu no meio deles". Que bendita promessa e que encorajamento para nós enquanto nos congregamos na reunião de oração em assembléia! Que possamos não negligenciar esta reunião. Que possamos, como nossos irmãos dos primeiros dias da história da igreja, continuar perseverando na oração em assembléia.
Com Liberdade Para nos Dirigirmos a Deus
Oração, creio eu, é dirigir-se a Deus com liberdade, como vemos em 1 Timóteo 4:5: "Pela Palavra de Deus e pela oração é santificada" (referindo-se aqui à comida). Que bendito privilégio temos de entrar na presença de Deus e nos dirigirmos a Ele com liberdade. Em que? Confissão! Oh, como isto nos convém tendo em vista nossa condição. Não devemos nos esquecer de como as coisas têm se deteriorado desde o princípio. Devemos nos prostrar sobre nossos rostos no mesmo espírito de Daniel, Esdras e outros e reconhecer diante de Deus a confusão de rosto que nos cabe; reconhecendo o pecado e o fracasso que se introduziu, devemos assumir isto e confessá-lo a Deus. Então podemos agradecer e louvá-Lo pelo que Ele é e pelo que Ele tem feito, e, evidentemente, apresentar-Lhe nossas necessidades. Somos um povo dependente; somos um povo necessitado e devemos expressar isto em nossas orações, principalmente em nossa oração conjunta, em assembléia.
Atitude e Maneira de Falar
Procurando por toda a Palavra de Deus, não encontro que seja exigido qualquer tom de voz, qualquer entonação especial, para tornar a oração aceitável. Não encontro tampouco qualquer vocabulário especial para a oração, exceto aquilo que é devido à reverência. Creio que nos enganamos pensando que deve existir alguma tonalidade de voz especial que precisamos usar quando oramos, e somos assim desviados do pensamento de nos dirigirmos a Deus com liberdade.
Quando nos reunimos, geralmente começamos nossas reuniões com um hino. Creio ser isto uma questão de ordem. Eu costumava indagar de onde tal costume poderia ter vindo, até que li o Salmo 100: "Apresentai-vos a Ele com canto... entrai... em Seus átrios com hinos". Creio que é uma forma piedosa de se fazer as coisas. Mas quero dizer aqui que estamos juntos para orar, não para passarmos o tempo cantando ou para uma pregação. Não estamos juntos para ler, mas para orar. Portanto, quando nos reunimos e é dado um hino, deveria ser um hino que estivesse em conformidade com os pensamentos que temos considerado aqui.
Necessidades Específicas
Devemos estar prontos a apresentar assuntos específicos e distintos para o exercício da assembléia, pedindo as orações desta. Isto deve ser feito de forma breve e clara com o pedido específico a ser apresentado ao Senhor. Não deveríamos tomar muito tempo apresentando os assuntos à assembléia para oração já que há pouco tempo para orar. Devemos estar diante do Senhor com aquilo que apresentamos para oração e ser específicos acerca de cada necessidade. Como um exemplo disto, o apóstolo diz: "Orando todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito", e não pará aí, mas segue dizendo "e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança". Portanto é bom sermos específicos naquilo que pedimos.
A leitura das Escrituras na reunião de oração tem o propósito específico de nos encorajar em nossas orações, ajudando-nos a ter a mente do Senhor acerca dos pedidos, ajudando-nos a ver o cuidado e amor do Senhor por nós.
A Atitude Física Durante a Oração
Quando fica evidente de que não há mais pedidos nos corações dos irmãos, fiquemos logo de joelhos. Antes de mais nada, consideremos nossa postura física: ficar em pé, ajoelhar, prostrar com o rosto em terra são coisas que acompanham a oração, e são atitudes adequadas. Há ocasiões em que é apropriado e agradável ao Senhor nos prostrarmos, realmente, fisicamente, sobre nossas faces diante dEle, e colocarmos nossos rostos literalmente no pó. Creio que necessitamos de lágrimas genuínas, lágrimas reais provenientes de um coração que sente, juntamente com Deus, as necessidades de Seu amado povo.
A maioria de nós acha ser conveniente fechar os olhos enquanto oramos. Porém eu citaria, sem ter o desejo de criticar quem quer que seja, João 17:1: "Jesus falou assim, e, levantando Seus olhos ao céu..." Lembro-me de ter conhecido vários irmãos que seguiam esta prática, e eu desfrutava de suas orações, nunca pensando que estivessem preocupados com qualquer outra coisa além da bem-aventurança que é o Senhor Jesus à direita de Deus, enquanto elevavam a Ele os seus olhos.
O Amém é Nossa Aprovação
A oração em assembléia não é uma oração pessoal, mas coletiva. Isto é algo muito importante. Quando oramos na reunião da assembléia, estamos ali para orar em nome da assembléia. Em conexão a isto, não nos esqueçamos de que nosso "Amém" é nossa aprovação à oração de um irmão. Creio ser este o primeiro pensamento da expressão "se dois de vós concordarem" (Mt 18:19). Não creio que isto queira dizer que dois irmão tenham que mencionar a mesma coisa em oração. Não vejo nada de errado em dois irmãos mencionarem a mesma coisa em oração, mas creio que a expressão "se dois de vós concordarem" se cumpre quando dizemos "Amém" no final da oração. O amém deveria ser audível e unânime. Lemos doze vezes em Deuteronômio 27 que todo o povo deveria dizer "Amém". Irmãos e irmãs juntamente, unidos, dando a aprovação da assembléia à oração pública.
No último verão fiz uma viagem à América do Sul e foi um grande gozo ver que nossos amados irmãos unânimes, de coração e em conjunto, diziam "Amém" no final de uma oração. Que encorajamento traz! Em relação a isto, aquele que ora em nome da assembléia deveria orar em uma voz alta o suficiente para ser ouvida por todos naquela sala. Como posso dizer "Amém" a uma oração que não pude escutar? Orações não ouvidas dão sono e levam à falta de atenção.
Quero agora dizer algo sobre as longas pausas entre orações. Elas não são nem necessárias e nem indicam que alguém deve fazer logo uma oração fervorosa ao Senhor. Devemos usar nosso tempo quando estamos juntos para orar, para nos dirigirmos a Deus por toda a assembléia. É verdade que há ocasiões em que uma pausa é proveniente do Senhor, mas com mais frequência trata-se de fraqueza de nossa parte. Talvez não seja preciso acrescentar aqui que pregar aos nossos irmãos, ou recitar doutrina a Deus não convém a alguém que esteja guiando a assembléia em oração. "Deus está nos céus, e tu estás sobre a Terra; pelo que sejam poucas as tuas palavras." (Ec 5:2). Deus Se apraz em nos ouvir falar bem de Seu Filho. Fervente súplica é o que necessitamos, não eloquência.
A Quem nos Dirigimos em Oração?
Normalmente nos dirigimos em oração a Deus Pai, em nome do Senhor Jesus Cristo e no poder do Espírito Santo. Há também ocasiões em que é apropriado dirigir-se ao Senhor Jesus. Ele é a Cabeça da assembléia que é o Seu Corpo e, como tal, nós O buscamos para direção nos assuntos da assembléia. Ele é também o Senhor da seara e, como tal, suplicamos ao Senhor da seara que envie trabalhadores para a seara e possa prover o suficiente para eles, ajudá-los e encorajá-los. E, além de tudo, Ele é Aquele que viveu aqui para a glória de Deus. Ele é capaz de nos compreender quando suplicamos a Ele acerca das circunstâncias do caminho. Estêvão é um exemplo: "Senhor, não lhes imputes este pecado". E também, "Senhor Jesus, receba o meu espírito" (At 7:59-60).
No entanto, não vamos confundir as Pessoas da Divindade. Agradecermos a Deus Pai por haver morrido por nós na cruz é algo desprovido de inteligência. Deus Pai enviou o Filho; o Senhor Jesus veio aqui e morreu por nós. Podemos compreender isto, não? Creio que orando no Espírito será suficiente. E por falar nisto, as Escrituras não permitem qualquer idéia de se orar ao Espírito Santo. Evidentemente, Ele é completa e igualmente Deus com o Pai e o Filho. Porém não encontro nenhum exemplo ou preceito de oração ao Espírito Santo. Oramos no Espírito Santo e guiados pelo Espírito Santo.
A Parte do Homem e da Mulher na Oração
Agora, o que dizer das irmãs? Elas não oram de forma audível. Vamos ler 1 Timóteo 2:8: "Quero pois que os homens orem em todo o lugar". Se você ler cuidadosamente verá que a palavra "homem" está em contraste com a palavra "mulher" no versículo 9, portanto os homens oram de forma audível. No entanto a presença das irmãs é importante; elas são uma parte da assembléia. Vendo que em Atos 1:14 era "com as mulheres" você compreenderá o princípio. O Espírito Santo está presente e Ele recolhe os exercícios da assembléia e os apresenta a Deus através da boca de um que ora em voz alta. Mais de uma vez fui encorajado ao ouvir alguma irmã dizer que aquilo que eu havia expressado em oração audível era exatamente o que ela tinha em seu coração.
Oh, amados irmãos, busquemos juntamente fazer de nossas reuniões de oração a parte vital da vida da assembléia, como convém que sejam. "Perseverai em oração, velando nela." (Cl 4:2).
R. K. Gorgas
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