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Teologia da Aliança ou do Pacto - William Prost

O sistema de pensamento atualmente denominado "Teologia da Aliança" ou “Teologia do Pacto” começou na época da Reforma com homens como Calvino e Zwinglio, embora alguns remontem suas raízes até Agostinho e outros dos pais da Igreja primitiva. Mais tarde, influenciou o pensamento daqueles conhecidos como os puritanos, como evidenciado na Confissão de Westminster de 1647. O movimento foi particularmente forte na Escócia e, eventualmente, na região da Nova Inglaterra nos EUA. Sempre houve aqueles que sustentaram esses princípios, mas nos últimos cinquenta anos tem havido um crescente interesse em seus ensinamentos. Isso provocou muitas controvérsias entre teólogos da aliança e aqueles chamados dispensacionalistas.


O Básico: Quais São os Fundamentos da Teologia do Pacto ou Aliança?

Isso pode ser mais bem resumido com uma citação de um de seus mais fortes defensores:

"A espinha dorsal da Bíblia... é o desdobramento no espaço e no tempo da intenção imutável de Deus de ter um povo na terra com quem ele se relacionaria por aliança, para a alegria Dele e deles."

"As promessas do evangelho, oferecendo Cristo e seus benefícios aos pecadores, são, portanto, convites para entrar e desfrutar de um relacionamento de aliança com Deus."

Basicamente, eles acreditam que existe e sempre existiu apenas um povo de Deus. Eles acreditam que Israel era a igreja no Antigo Testamento, e que a igreja é o Israel do Novo Testamento. Acreditam que tudo nas Escrituras gira em torno de duas alianças: a aliança da lei e a aliança da graça. Contudo, estas não são vistas como diferentes, mas sim como aspectos distintos da mesma aliança.

Ênfase nas Obras

Os teólogos da aliança enfatizam fortemente as obras como necessárias para a salvação, e não acreditam que a aliança da graça tornou a aliança das obras obsoleta. No entanto, veem as obras dos crentes como tendo sido feitas por Cristo em nome deles, já que todos sob Adão falharam em cumprir a lei. Eles creem na obra de Cristo para a salvação, mas enfatizam sua obediência à vontade de Deus como sendo a base principal da nossa "justiça imputada". Um defensor moderno dessa ideia afirma:

"Sabemos que Cristo expiou a desobediência de Adão e a nossa na cruz, mas muitas vezes esquecemos que a obra de Cristo não foi apenas negativa ou 'passiva' (suportando a maldição). Nosso Senhor também foi 'ativamente' obediente, cumprindo a lei em nosso nome. Aqueles unidos a Cristo não estão apenas livres de culpa diante do Pai, mas são considerados positivamente justos, como se nós mesmos tivéssemos vestido os nus, alimentado os famintos e guardado toda a lei. Como o ladrão na cruz, fizemos essas coisas 'em Cristo'."

Reconstrucionistas Cristãos

Como resultado desse pensamento, a Teologia da Aliança enfatiza a necessidade de os crentes se envolverem na melhoria deste mundo. Os teólogos da aliança às vezes se autodenominam "reconstrucionistas cristãos". Embora haja variações em seu pensamento, a maioria não acredita que o Senhor voltará até que o milênio termine, e alguns nem mesmo creem em um milênio literal de 1000 anos. Muitos acreditam que a "Grande Tribulação" ocorreu por volta de 69-70 d.C., quando o general romano Tito destruiu Jerusalém, e que já estamos no milênio, trabalhando para aperfeiçoar o Reino de Deus neste mundo. Um de seus seguidores afirmou: "A Realeza de Cristo não é um evento futuro, mas algo que Ele já cumpriu e mantém até hoje." O foco principal é a expansão do Reino de Deus para abranger todo o mundo por meio da pregação do evangelho. Eles não esperam que o Senhor retorne tão cedo — não até que o mundo inteiro reflita o caráter do Seu Reino.

O Sal Perdeu o Sabor

O testemunho cristão, de modo geral, deve assumir alguma responsabilidade pelos erros da Teologia da Aliança e por seu ressurgimento. A igreja não tem andado na luz que Deus lhe deu. Muitas vezes, a graça tem sido enfatizada de maneira errada, resultando no que Judas chama de "transformar a graça de nosso Deus em libertinagem" (Judas 4). Os crentes têm descansado na certeza da obra consumada de Cristo, negligenciando a importância do discipulado. Têm se gloriado no evangelho da graça de Deus, esquecendo que Paulo também pregou o Reino de Deus — um estado moral consistente com aqueles que reconhecem o Senhor Jesus como o Rei legítimo. Em vez de serem embaixadores de Cristo da maneira correta, sendo "o sal da terra", o sal "perdeu o sabor" (Mateus 5:13) e tem sido desprezado pelo mundo. A retidão moral foi substituída por descuido na vida cristã, enquanto a devoção a Cristo foi trocada pelo egoísmo e pela comodidade.

O Que as Escrituras Dizem Sobre Tudo Isso?

À primeira vista, os defensores da Teologia do Pacto ou Aliança podem parecer ter alguns textos bíblicos a seu favor. É verdade que as Escrituras giram em torno da história de dois homens, Adão e Cristo, como cabeças de uma raça caída e de uma nova raça. É verdade que Deus dará ao Seu Filho o lugar que Lhe é devido neste mundo e que haverá um Reino visível que refletirá o caráter de Deus. Também é verdade que Deus espera ver na vida dos crentes o fruto da nova vida que lhes foi concedida, e que Ele deseja "purificar para si mesmo um povo peculiar, zeloso de boas obras" (Tito 2:14).

Contudo, a Teologia da Aliança falha em apresentar toda a verdade de Deus em vários pontos importantes e, se adotada, tende a rebaixar espiritualmente o crente e a reduzi-lo ao nível da revelação do Antigo Testamento.

Os Reinos Celestial e Terrestre

Primeiro, tal sistema ignora a verdade de Efésios — "segundo o Seu beneplácito que propusera em Si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra" (Efésios 1:9-10). Deus não terá apenas um Reino na terra, mas também planejou a bênção da igreja no céu. A igreja não é um povo terreno e, por isso, não está em uma relação de aliança com Deus. É verdade que ela usufrui dos benefícios da Nova Aliança, pois suas bênçãos são baseadas na obra de Cristo na cruz, mas ela não está em uma relação de aliança com Deus. Uma aliança sempre diz respeito à terra e a um povo terreno, e a igreja é uma comunidade celestial. "Pois a nossa pátria está nos céus" (Filipenses 3:20). A Teologia da Aliança nega o chamado celestial da igreja.

A Esperança da Volta do Senhor

Em segundo lugar, e relacionado a isso, a Teologia da Aliança praticamente destrói a vinda do Senhor como uma esperança viva e presente para o crente. Eles não esperam que o Senhor volte a qualquer momento, mas sim que o Reino de Deus seja estabelecido em poder antes que o Senhor venha. Sua esperança não é a vinda de Cristo para nós, mas sermos usados para avançar o Reino de Deus neste mundo. As Escrituras ensinam que os salvos hoje são salvos para "servir ao Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus o seu Filho" (1 Tessalonicenses 1:9-10).

Justiça Pela Obediência de Cristo

Terceiro, a Teologia da Aliança ensina erroneamente que a justiça de Cristo em guardar a lei é imputada a nós, e que nossa justiça vem de sua obediência perfeita ao Pai. É verdade que, como homem perfeito e sem pecado, Cristo guardou a lei, mas em nenhuma parte das Escrituras se diz que essa obediência legal é imputada a nós. Em vez disso, a justiça é imputada porque Cristo satisfez completamente as exigências de um Deus santo na cruz, e porque "aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21).

Israel e a Igreja

Quarto, a Teologia da Aliança nega a diferença fundamental entre Israel e a igreja. É verdade que Deus trará Israel de volta às bênçãos terrenas no milênio, mas, como vimos, a igreja está destinada às bênçãos celestiais. A Teologia da Aliança praticamente ignora a posição única da igreja como corpo e noiva de Cristo. A igreja foi um mistério oculto em Deus, não revelado até que Paulo recebeu revelações especiais sobre ela. Ao tentar mesclar a igreja com Israel, ignoram-se esses privilégios especiais. A menos que vejamos que a igreja não é o assunto da profecia, propriamente dita, nunca entenderemos a profecia nem veremos como tudo na Palavra de Deus se encaixa em Seus propósitos.

Melhoria do Mundo

Quinto, a Teologia da Aliança espera que o mundo gradualmente melhore, à medida que o Espírito de Deus (supostamente) trabalhe para trazer almas ao Seu Reino. Um teólogo da aliança afirmou: "Os cristãos modernos... preferem minimizar sua responsabilidade, chamando os homens para fora do mundo, em vez de chamá-los para governar o mundo sob a autoridade de Jesus Cristo." Pelo contrário, Paulo e outros, como Pedro e Judas, previram que esta era atual terminaria com o fracasso da igreja como testemunho público e com uma impiedade sem precedentes no mundo. Paulo também repreendeu os coríntios, dizendo: "Já estais fartos, já estais ricos, sem nós reinais!" (1 Coríntios 4:8). Hoje é tempo de o crente seguir um Salvador rejeitado, não de reinar, pois ele foi chamado para fora deste mundo. Quanto às bênçãos futuras para este mundo, a Teologia da Aliança propõe que uma suposta "aliança da graça" trará uma ordem social transformada pela pregação do evangelho. A Palavra de Deus diz: "Quando os teus juízos estão na terra, os moradores do mundo aprendem justiça" (Isaías 26:9). Somente por meio do juízo este mundo será purificado e o Reino será estabelecido.

O Evangelho da Graça e do Reino

Sexto, a Teologia da Aliança confunde o evangelho da graça de Deus com o evangelho do Reino. Ao equipará-los, traz grande confusão. Homens como João Batista e os discípulos pregaram o evangelho do Reino sem esperar que Cristo sofresse e morresse. O evangelho da graça de Deus baseia-se na morte, sangue e ressurreição de Cristo. É verdade que toda bênção, seja ela sob o evangelho do Reino ou o evangelho da graça, deve ser fundamentada na obra consumada de Cristo, mas equiparar as duas mensagens introduz grande confusão nas Escrituras. O evangelho do Reino é para a terra e anuncia bênçãos terrenas, enquanto o evangelho da graça anuncia bênçãos celestiais e chama os homens para fora deste mundo.

Lei e Graça

Finalmente, levada às últimas consequências, a Teologia da Aliança coloca o crente de volta debaixo da lei. Em vez de ver a lei mosaica como "nosso aio até Cristo" (Gálatas 3:24), a Teologia da Aliança insiste que devemos continuar a guardá-la. Romanos 7:4 nos diz que "morremos para a lei por meio do corpo de Cristo". A justiça da lei deve ser cumprida em nós — mas não por estarmos sob a lei, e sim andando no Espírito, permitindo que a nova vida que Cristo nos deu se manifeste em nossas vidas.

Muito mais poderia ser dito, mas talvez isso já seja suficiente para mostrar o erro do sistema de crença da Teologia do Pacto ou Aliança. Estar sob ela é glorificar o homem e, em última análise, ser levado à escravidão.

"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não vos torneis a colocar-vos debaixo do jugo da escravidão" (Gálatas 5:1).
W. J. Prost

 


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