Nunca se ouviu tal exigência, mesmo quando a igreja começou e a presença do Espírito Santo era uma coisa totalmente nova. Os santos foram recebidos na confissão do nome de Cristo, tendo Deus dado a todos os presentes, Seu selo e passaporte. O discernimento estava com aqueles que no princípio reconheceram o valor desse Nome e o dom do Espírito. Se eles tivessem reivindicado da igreja discernimento como uma condição de comunhão, isso teria realmente provado sua própria falta de discernimento e neutralizado aquilo pelo qual Cristo morreu — a reunião em um só corpo dos filhos de Deus que estavam dispersos.
A atual ruína da igreja alterou esse princípio primário? "Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade." (2 Tm 2:19). Aquilo que leva Seu nome é como uma grande casa com vasos para honra e vasos para desonra, dos quais o homem tem que se purificar, se ele próprio for um vaso para honra, santificado, apto para o uso do Mestre, preparado para toda boa obra. Se o estado público é mau, a fidelidade individual a Cristo é imperativa: a unidade não deve superá-lo, nem vincula o cristão a unir o nome do Senhor à injustiça. A pureza pessoal deve ser seguida também, e isso não isoladamente, mas com aqueles que invocam o Senhor de um coração puro. Não é uma palavra sobre exigir inteligência eclesiástica ou doutrinária, mas "com aqueles que invocam o Senhor" etc., isto é, com santos reais em um dia de profissão relaxada e oca.
Mais tarde, "na última hora" de João, vemos quão o Espírito de Deus insiste com veemência nos primeiros princípios. "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (Jo 5:1-5). Diante de muitos anticristos, Cristo permanece a pedra de toque. O Espírito se apega insistentemente à Sua pessoa. Acrescentar qualquer exigência é tirar dEle, desonrar Seu nome.
Mas irei mais longe. Tome a esperança do retorno do Senhor Jesus. Você sabe o quanto é importante que os cristãos esperem em verdade e coração por Cristo do céu; mas você exigiria que aqueles que buscam comunhão em nome do Senhor entendam e confessem essa esperança antes de recebê-lo no Senhor? Isso não seria uma seita? Não importa que sua afirmação da esperança cristã seja sempre tão correta, e que a pessoa buscando comunhão seja sempre tão ignorante sobre esse assunto, mas quem autoriza você ou outras pessoas a ficarem à porta e proibir sua entrada? Talvez, ao pensar em algum pensamento errado, ela possa imaginar que o cristão, como o judeu ou o gentio em Apocalipse 7, tenha que passar pela Grande Tribulação. Pode ser que ela pouco entenda do lugar do cristão ao ponto de não enxergar sua união com Cristo no céu, que é tornada conhecida pelo Espírito Santo neste dia. Por isso está confusa e não sabe que o Senhor virá e levará o que é seu antes dos dias daquela terrível retribuição que está vindo sobre o mundo. Ela pode até compartilhar os pensamentos de homens tão imprudentes quanto qualquer outro dos que estavam em Tessalônica e cair na ilusão de tentar escapar da grande tribulação. Ocupados demais com a profecia, haviam perdido ou nunca conheceram a verdadeira esperança da vinda de Cristo; e sempre que somos absorvidos por alguma coisa, seja profecia, ou igreja, ou evangelho, e não com Cristo, o que senão a graça pode nos impedir de nos desviarmos mais?
Estaria eu dizendo que o conhecimento da verdade ou o crescimento da inteligência espiritual deveria ser menosprezado? De maneira nenhuma; mas é falso e vão exigir isso como condição preliminar dos santos que buscam comunhão de acordo com Deus. Ajude-os, instrua-os, conduza-os em ambos os sentidos. Esta é uma forma de proceder verdadeira, mas árdua ao mesmo tempo. A outra é sectária e errada.
Extraído de "The Unity of the Spirit, and what it is to keep it." Anotações de uma pregação de William Kelly em 1882.
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