Este amor, posto por Deus nos corações dos crentes, pois "o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm. 5:5), é o poder que nos capacita a agirmos como devemos. É amor que se regozija quando outros, e não nós, estão sendo louvados e honrados; amor que é grato quando o Senhor usa outros para promoção de Sua Glória, sem inveja, ciúmes ou qualquer sentimento indigno que possamos imaginar.
O verdadeiro amor para com o povo do Senhor sempre nos levará a nos esforçarmos, tendo maior consideração com os outros do que com nós mesmos. O que mais poderia significar a expressão "o amor cobre"? Talvez a mais prática demonstração disso é a ausência de fofocas e mexericos, nunca falando de nossos irmãos ou irmãs de uma maneira negativa. Deveríamos nos esquivar de expô-los a boatos. Quando soubermos de algo errado, é melhor que falemos com o Senhor sobre o assunto. Isso revela nossos sentimentos verdadeiros e nosso próprio estado espiritual.
Quando espalhamos algo, toda a assembleia é afetada. Mas quando nos dirigimos ao Senhor, o Espírito Santo pode, em resposta às nossas orações, iniciar uma obra sobre o coração e consciência do infrator, para trazê-lo ao arrependimento ou abatê-lo sob a disciplina do Senhor. Mas o amor para com nosso irmão vai mais além, induzindo-nos a tratar com ele de uma maneira terna e graciosa, com benignidade e mansidão, procurando ajudá-lo em sua dificuldade. "Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo" (Gl. 6:1,2).
Há uma bela figura no Antigo Testamento (Ex. 25:31-40), em conexão com o castiçal, que é muito instrutiva para nosso relacionamento entre irmãos.
"Também farás um candelabro de ouro puro; de ouro batido se fará este candelabro; o seu pé, as suas hastes, os seus copos, os seus botões, e as suas flores serão do mesmo. E dos seus lados sairão seis hastes; três hastes do candelabro de um lado dele, e três hastes do outro lado dele. Numa haste haverá três copos a modo de amêndoas, um botão e uma flor; e três copos a modo de amêndoas na outra haste, uma maçã e uma flor; assim serão as seis hastes que saem do candelabro. Mas no candelabro mesmo haverá quatro copos a modo de amêndoas, com seus botões e com suas flores; E um botão debaixo de duas hastes que saem dele; e ainda um botão debaixo de duas outras hastes que saem dele; e ainda um botão debaixo de duas outras hastes que saem dele; assim se fará com as seis hastes que saem do candelabro. Os seus botões e as suas hastes serão do mesmo; tudo será de uma só peça, obra batida de ouro puro. Também lhe farás sete lâmpadas, as quais se acenderão para iluminar defronte dele. Os seus espevitadores e os seus apagadores serão de ouro puro. De um talento de ouro puro os farás, com todos estes vasos. Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte".
Um castiçal era, na verdade, uma pequena lâmpada ou lamparina contendo azeite de oliva e um pavio. O pavio iluminava somente algum tempo e logo se queimava formando uma crosta de carvão que necessitava ser retirada com os espevitadores. O Senhor havia dito a Moisés que fizesse um castiçal de ouro com sete lâmpadas, além de seus acendedores e apagadores de ouro puro.
Quanto mais leio a Bíblia, mais fico impressionado com a importância de cada palavra. O que podemos aprender de espevitadores e apagadores? Bem, se a lâmpada devia se manter acesa, era necessário espevitá-la, ou seja, aparar o seu pavio algumas vezes. E se queremos brilhar constantemente por Cristo, haverá ocasiões quando teremos que julgar a nós mesmos na presença do Senhor, ou ficaremos exatamente como um pavio queimado que obscurece a luz. O sacerdote no Antigo Testamento entrava no Tabernáculo e espevitava a lâmpada, usando um espevitador de ouro. Ouro, nas Escrituras, nos fala daquilo que é divino, e assim o crente que precisa repreender a seu irmão deve aproximar-se dele em comunhão com o Senhor. Se for neste espírito será capaz de ajudá-lo.
O que o sacerdote fazia com o pavio queimado, quando o levava embora? Será que espalhava suas cinzas ao redor, para que caísse em sua túnica branca e em suas mãos, sujando a si mesmo e às vestes dos demais sacerdotes? Oh, não! Ele tomava aquele pavio negro e sujo e o colocava em um apagador de ouro, e o cobria sem sujar ninguém. É isto o que o amor faz! Não divulga as falhas dos irmãos, mas as cobre na presença de Deus.
Quando Satanás não consegue fazer-nos indiferentes para com o pecado, ele tenta levar-nos ao outro extremo, fazendo com que julguemos sem nenhuma misericórdia. Davi parecia saber disso quando falou: "...caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu" (II Sm. 24:14). Há uma tendência em nós próprios de sermos duros e impiedosos uns para com os outros, esquecendo-nos da graça e misericórdia com que Deus nos trata. Temos a recomendação do Espírito, "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef. 4:32). Este é o perdão que inclui graça para perdoar.
Bom é para nós lembrarmos que a igreja ou assembléia é uma congregação de pecadores arrependidos, e o Céu é um lar para pecadores arrependidos. Assim como buscamos, por Sua graça, manter a verdade de Deus, possamos buscar também trazer diante de nós um sentimento de graça, misericórdia e paciência, pois tudo isso Ele nos tem demonstrado.
Autor desconhecido - Traduzido de
"Christian Truth - nov.80"
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