Para
o mundo, hoje é o dia das grande coisas. Em matéria de guerra, antigamente os
homens estavam satisfeitos em contar seus exércitos em milhares, mas agora os
milhares são desprezados - as nações devem ter seus milhões de soldados. Em
matéria de finanças, onde antes as fortunas eram avaliadas em alguns poucos
algarismos, agora fortunas com valores expressos em vários dígitos passaram a
ser consideradas apenas como pequenas heranças. Um milionário do passado seria
considerado, na avaliação de hoje, apenas um pequeno capitalista. Na vida
rural, onde antes um paciente agricultor cultivava alguns poucos hectares,
agora grandes máquinas revolvem quilômetros de terra que produzem milhões de
fardos de grãos em uma única fazenda. Em matéria de educação, as universidades,
faculdades, seminários e escolas técnicas multiplicam-se sem parar, e multidões
seguem carreiras em busca de conhecimento e diplomas. Metrópoles florescem onde
antes havia cidades; grandes cidades substituíram os povoados. Extensas redes
de ferrovias e auto-pistas se emaranham pelos continentes, e o pulsar das
máquinas palpita em todo centro industrial. Em resumo - o mundo parou de se
importar com o que é pequeno ou insignificante.
Se
isso fosse tudo, não haveria com quê o cristão se preocupar, pois por que razão
deveríamos nos preocupar com os feitos e vanglórias deste pobre mundo? O
cristão sabe onde isso terminará - sabe que está reservado para o juízo. O
cristão entende, também, que ele não é deste mundo - que pertence a um outro
mundo.
Mas
não é tudo. O mundo não está sozinho nessa sua vanglória. Cristãos professos
têm sido infectados com o mesmo espírito de ostentação, com o triste resultado
de estarem se gloriando em sua própria vergonha (Fl 3:19). A condição
resultante é que nenhuma atividade cristã é hoje reconhecida como tendo qualquer
mérito, se não puder ser exibida diante do mundo como digna de ser comparada
com as grandes realizações do mundo. Dessa forma introduziu-se a cobiça por
grande número de membros, e movimentos do tipo "Programa dos Cinco
Anos", "Homens e Milhões", ou "Década da Colheita" são
frases proferidas com orgulho por cristãos professos em todo lugar.
Evangelistas que não puderem contar os seus convertidos às centenas e milhares
não são desejados. O evangelismo tornou-se um negócio, e a obra de Deus passou
a ser medida por seus números.
O
cristão não deveria se valer do modo de agir deste mundo para aplicá-lo à obra
de Deus. Mas será que, agindo assim, o cristão não ficaria desanimado por poder
fazer tão pouco? Deus nos livre de tal pensamento! Aplique a afiada espada da
Palavra de Deus a essas bolhas infladas do orgulho humano e veja quanto disso
tudo irá passar pelo teste. O que é que encontro na Palavra de Deus acerca de
todos esses métodos modernos associados à a obra de Deus? A Palavra nos fala de
um caminho estreito e que são poucos os que o encontram, e nos fala de um
pequeno rebanho ao qual o Pai dá o reino. São aqueles com pouca força que
encontram a aprovação do Senhor (Ap 3:8). "Bem está, servo bom, porque no
mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade." (Lc 19:17).
Madeira, feno e palha parecem grandes coisas antes do fogo (1 Co 3.12),
enquanto que ouro, prata e pedras preciosas parecem pequenas. A recompensa de
Deus está depois, e não antes do fogo. Não existe recompensa reservada para cinzas.
Se
tomarmos o Senhor, os profetas e os apóstolos como exemplo, o que aprenderemos
de suas atividades para Deus? Vejo Jônatas e seu escudeiro, com Deus, fazendo
mais em uma noite do que Israel com seus exércitos em quarenta dias de
atividade humana (1 Sm 14:1-16); e Davi com a ajuda de Deus usando apenas sua
funda para derrotar Golias. O próprio Senhor estava satisfeito em Se deter
junto ao poço de Sicar para poder saciar a uma pobre, rejeitada e sedenta
mulher, ou ainda a sacrificar Suas horas de sono para trazer esclarecimentos a
um fariseu sincero. Ele Se contentava em gastar um dia com um desprezado
coletor de impostos, e estava satisfeito por ter, no final de Sua vida de
ministério, meras cento e vinte pessoas esperando por Sua promessa em Jerusalém
(At 1:15).
Filipe
podia deixar seu trabalho em Samaria para ministrar Cristo a um homem solitário
no deserto. Pedro podia caminhar cerca de 40 quilômetros para pregar o
evangelho a uma família (At 10). O grande apóstolo Paulo podia ministrar a um
punhado de mulheres à beira-mar, ou declarar o caminho da salvação a um pecador
solitário à meia-noite. No final da vida de Paulo, muitas das pequenas
assembléias que foram o resultado do trabalho de sua vida podiam se reunir
confortavelmente em casas particulares, e ainda assim nunca o vimos tentando se
justificar por não ter números maiores para apresentar. (Rm 16:5; 1 Co 16:19;
Cl 4:15; Fm 2).
Agora,
como cristãos à luz das Escrituras, será que devemos desprezar o dia das coisas
pequenas? Não! Obedeçamos a palavra de Jeremias, quando ele disse,
"Procuras tu grandezas? Não as busques" (Jr 45:5). Deus não considera
algo de pouca importância o sermos fiéis à Sua Palavra e fazermos Sua vontade
em um dia quando Sua Palavra é deliberadamente ignorada e abertamente desobedecida
para se conseguir grandes números e espetáculos religiosos.
Considere
ser algo de grande importância quando falar de Jesus àquele seu colega de
escola, ou ao seu companheiro no trabalho. Dê um folheto evangelístico ao
balconista do armazém, ao vendedor que bate à sua porta, ou à pessoa que está
sentada ao seu lado no ônibus. Dê grande valor à sua pequena classe de escola
dominical. É melhor encaminhar uma alma, como pecador perdido, para os pés de
Jesus a fim de receber salvação, do que enganar mil pessoas levando-as a uma
profissão vazia de fé. É muito melhor ouvir de nosso Senhor o "Bem
está" por alguma pequena coisa feita corretamente, do que o aplauso do
mundo e a repreensão do Senhor por grandes coisas que Sua Palavra claramente
condena (Ap 3:15-18).
J.T.Armet
(Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.) |