Nos dias atuais corremos um grande
perigo de perder de vista esta verdade tão bendita que é uma esperança primeira
dos santos. "Porque andamos por fé, e não por vista" (2 Co 5:7), diz
o apóstolo, e no entanto invertemos a ordem de Deus, e, ai! acabamos com
freqüência andando por vista e não por fé. A doutrina da "vinda do
Senhor" é aceita, mas quantos santos estão vivendo - e contentes por
viverem assim - em uma condição praticamente oposta àquela que caracterizava os
santos em Tessalônica. Eles haviam se convertido dos ídolos "a Deus, para
servir o Deus vivo e verdadeiro. E esperar dos céus a Seu Filho" (1 Ts
1:9-10).
Antes que o Senhor deixasse os
tristes discípulos, deu-lhes a promessa de que voltaria outra vez: "E, se
Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo,
para que onde Eu estiver estejais vós também" (Jo 14:3). Os discípulos
estavam tristes porque o seu Senhor iria deixá-los, no entanto, o que foi que o
Senhor lhes deu para os elevar acima de suas próprias tristezas? Deu-lhes a
esperança de que Ele voltaria. Ele não os deixaria para sempre aqui no lugar de
Sua rejeição - no mundo que havia rejeitado a Ele, seu Senhor e Mestre. Eles
não poderiam esperar ser tratados melhor do que o seu Senhor. "Se a Mim Me
perseguiram, também vos perseguirão a vós." (Jo 15:20). E também, "Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do
mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece"
(Jo 15:19).
Se todas as suas esperanças e
expectativas quanto Àquele por Quem haviam deixado tudo terminassem aqui, então
eles teriam continuado entristecidos, mas o Senhor revelou-lhes uma outra
coisa. E era que Ele não os havia deixado aqui para que seguissem da melhor
maneira que pudessem, em um cenário onde tudo era contrário a eles, e o inimigo
de suas almas estaria se opondo a cada passo. Se fosse assim, teria sido uma
situação bem lamentável. O Senhor lhes disse que era necessário que Ele os
deixasse por algum tempo. "Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que
Eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for,
enviar-vo-Lo-ei." (Jo 16:7).
Por causa da ausência do Senhor nós
somos verdadeiramente ganhadores, pois Ele nos tem dado bênçãos tais que nós
nunca teríamos possuído se Ele tivesse permanecido com Seus discípulos neste
mundo. Ele Se foi para preparar um lugar para nós na casa do Pai, e breve Ele
virá outra vez para levar-nos para estar com Ele. Quando, nós não sabemos, e
Seu desejo é que estejamos esperando por Ele. Esta é nossa esperança - Ele vai
voltar. Ele nos deu a Sua Palavra: "Virei outra vez".
Há algo que concede à alma um almejo
mais profundo pela volta do Senhor, e isto é um conhecimento mais profundo
dAquele que vai voltar. Quem é Aquele que virá outra vez? O que foi que Ele fez
por nós? Ele é o Filho de Deus que deixou a glória que teve com o Pai desde a
eternidade. Ele a Si mesmo Se humilhou, tomou a forma de Servo, foi visto
caminhando aqui como um homem, o fraco e humilde Jesus do qual está registrado:
"Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade" (Hb 10:7). Sua
vida foi de perfeita e constante obediência à vontade de Deus. Ele podia
declarar acerca de Si mesmo, e era o Único que jamais pôde fazê-lo, "Eu
faço sempre o que Lhe agrada" (Jo 8:29). Essa mesma obediência ao Seu Pai
foi o que O levou até ao pó da morte (Sl 22.15).
Ele foi um homem perfeito, o único
homem perfeito que já viveu sobre esta Terra. Ele era justo, mas sofreu por
nós, injustos. Ele não conheceu pecado, mas foi feito pecado por nós. Sobre a
cruz Ele sofreu por nós quando ofereceu-Se a Si próprio sem mancha a Deus,
"levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro" (1
Pd 2:24).
Agora podemos dizer, "em Quem
temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas" (Ef 1:7). Temos
liberdade e intrepidez para entrar no santo dos santos pelo sangue de Jesus.
Podemos encontrar nosso mais profundo gozo e prazer na presença de Deus, pois o
Seu sangue nos limpou de todo pecado. E Ele não apenas nos deu tudo que tinha -
tudo o que Ele possuía, mas, bendito seja o Seu nome, Ele deu-Se a Si mesmo.
Poderia Ele dar mais? Impossível! Assim Ele não somente atendeu à nossas
necessidades, mas também glorificou a
Deus, e nos introduziu na presença de
Deus tão perfeitos como Ele é perfeito em Si mesmo. Somos "santos e
irrepreensíveis diante dEle" (Ef 1:4).
Ele está agora sentado em glória à
destra da Majestade nas alturas, e está aguardando pelo momento quando deverá
voltar e levar-nos para estar para sempre Consigo, para desfrutarmos da Sua
glória. Ele não estará plenamente satisfeito até que estejamos desfrutando da
Sua presença, até que estejamos onde Ele mesmo está. Ele está aguardando ali e
nós estamos aguardando aqui até que escutemos aquele "alarido e com voz de
arcanjo, e com a trombeta de Deus" (1 Ts 4:16). Então os mortos em Cristo
ressuscitarão, e nós seremos transformados, quando nossos corpos de humilhação
forem conformados ao Seu próprio corpo de glória, e quando formos desfrutar
dEle e da plenitude do Seu amor para sempre.
Que, pela graça de Deus, possamos
conservar esta bendita esperança sempre e constantemente viva em nossas almas,
e ficarmos em viva associação e comunhão com Ele próprio, enquanto atravessamos
este mundo, não como pertencendo ao mundo, mas como separados para o Senhor que
Se entregou a Si mesmo por nós. Que possamos estar tão ocupados com Ele para
ficarmos real e verdadeiramente esperando por Ele, aguardando e almejando ouvir
a Sua voz quando "isto que é mortal se revestir da imortalidade" e
for tragada "a morte na vitória" (1 Co 15:53-54).
Possa Ele nos preservar e nos guardar
de ficarmos, em qualquer grau, na condição daquele "mau servo" que
diz em seu coração: "O meu Senhor tarde virá" (Mt 24:48). E que
possamos estar sempre e constantemente vigiando e esperando por Ele.
W.Scott
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