O apóstolo Paulo, depois de haver nos mostrado que sendo
"justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus
Cristo", e que por Ele "temos entrada pela fé a esta graça, na qual
estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus", segue
dizendo que temos "não somente isto, mas também nos gloriamos nas
tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a
experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão,
porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo
que nos foi dado" (Rm 5:1-5).
Se, além disso, você desejar aprender qual a experiência
possível ao cristão, leia a epístola aos Filipenses. Ali vemos que um crente
pode perfeitamente ser feliz, ainda que esteja na prisão, correndo diariamente
o risco de ser entregue à morte; que Cristo pode ser seu único motivo, seu
único objeto e alvo, e que seu único desejo pode ser o de estar com Ele e ser como
Ele é; e que, portanto, o crente pode permanecer totalmente acima de suas
circunstâncias, e que é possível aprender a viver contente em qualquer situação
em que estiver, e ser capaz de fazer todas as coisas por meio dAquele que lhe
dá força interior.
Poderia haver um contraste maior entre esta experiência e a
que passa a maioria dos crentes? Talvez você argumente que esta era a
experiência de um apóstolo, e que dificilmente podemos esperar alcançar um
padrão assim. Concordamos que o padrão é elevado; mas nem mesmo Paulo, não
importa o quanto ele possuía, é nosso modelo perfeito, mas sim Cristo. Tenha
também em mente que o apóstolo não tinha nem mesmo uma só bênção (exceto seu
dom especial de apóstolo), que não pertença igualmente ao mais humilde crente.
Não era ele um filho de Deus? O mesmo somos nós. Não tinha ele o perdão dos
pecados? Nós também. Não possuía ele a inestimável posse do Espírito que nele
habitava - o Espírito de adoção? Também possuímos. Não era ele um membro do
corpo de Cristo? O mesmo somos nós. Poderíamos assim enumerar todas as bênçãos
da redenção, e descobriríamos que Paulo não era, em nenhuma medida, uma
privilegiada exceção; pois somos, juntamente com ele, herdeiros de Deus e
co-herdeiros com Cristo.
Edward Dennett
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