Sabedoria é, em parte, a capacidade de distinguir entre conceitos similares que diferem de maneira significativa. Os conceitos de amor e graça, apesar de estarem intimamente ligados, não são usados indistintamente nas Escrituras. Em 1 João 4 lemos que "Deus é amor", e entendemos por essa expressão que amor é a natureza inerente de Deus. Alguém já disse que a declaração de que "Deus é amor" nos revela a energia de Sua natureza, enquanto "Deus é luz" (1 João 1:5) nos fala da pureza de Sua natureza, a qual exige Sua justiça. Acredito que seria correto declarar que o amor de Deus é a mola de toda a Sua atividade no universo, começando com a criação e culminando na reconciliação de todas as coisas com base na infinita obra de Seu Filho na cruz para tirar o pecado, a qual foi feita de uma vez para sempre "na consumação dos séculos" (Hebreus 9:26).
A graça de Deus, por outro lado, é o meio pelo qual Deus, na perfeição de Seu amor, executa Seus propósitos nas vidas dos pecadores perdidos e incapazes. A graça é eficaz, pois Deus sempre cumpre o que Ele determina fazer por graça nas vidas de Seus eleitos (Filipenses 1:6; Efésios 2:10). Por mais difícil que possa ser compreender isso, esta graça nos foi dada "antes da fundação do mundo", a nós que somos salvos (2 Timóteo 1:9). As Escrituras não mencionam o amor de Deus como tendo esta particularidade, pois o amor é o motivo e o modo como Ele opera para com todos, enquanto a graça tem em vista a bênção eterna da alma individualmente, e a graça infalivelmente atinge sua meta em conformidade com o propósito de Deus (Efésios 1:3-12). João Calvino escreveu sobre a "graça irresistível", mas já que este termo possui uma conotação questionável, como se indicasse uma entrada forçada em alguém, podemos com mais precisão e cuidado falar da "graça eficaz" de Deus. Na verdade, dizer que "a graça vence" seria muito mais correto do que repetir o mantra Universalista que diz que "o amor vence", pois a graça é eficaz, enquanto o amor é o que motiva.
E que tremendo motivo foi o amor de Deus! Tanto que podemos declarar e pregar enfaticamente que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Jesus como propiciação por "todo o mundo" (1 João 2:2), e que todos os homens são convidados, tanto a irem a Ele como a se arrependerem, já que a propiciação permite que Deus seja misericordioso ao mesmo tempo em que permanece perfeitamente justo. Quando pecadores rejeitam e desobedecem o chamado do evangelho até seu derradeiro fôlego, eles sofrem a separação permanente do amor de Deus e do Deus de amor (Romanos 8:39; Mateus 22:13; Lucas 14:24). Todavia, o amor de Deus não fica comprometido ou diminuído por ele ter de julgar o ímpio, pois julgamento é Sua "estranha obra" (Isaías 28:21). Portanto, tanto o "Universalismo" como o "Hiper calvinismo" são pontos extremos da discussão do amor de Deus, e por isso nem valem a pena serem levados a sério.
Mas graça é o favor imerecido de Deus para com pecadores individualmente, os quais não são nem um pouco melhores do que "os que perecem" — é por graça que Deus os escolhe, vivifica, salva e glorifica. O mais elevado prazer de Deus agora e sempre é o de glorificar a Si mesmo na Pessoa de Seu Filho por intermédio de nós que somos salvos, que somos os beneficiários das "riquezas de Sua graça". E para que não nos tornemos demasiadamente ocupados com nossos próprios interesses e benefícios na questão de Deus agir em graça, lembremo-nos de que a redenção, aceitação e adoção do crente será, ao longo de toda a eternidade, "para o louvor da glória de Sua graça" (Efésios 1:3-12).
John Kulp - Traduzido de https://greaterriches.com/2016/06/09/the-love-of-god-limited-universal-or-misunderstood/
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