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Cristo em Hebreus 1 - Hamilton Smith

O Filho veio nos "últimos dias", no encerramento dos dias dos profetas. O testemunho de Deus ao homem, do modo como havia sido apresentado no passado, continuou na Pessoa do Filho. Os profetas falaram como instrumentos usados pelo Espírito de Deus. Quando o Filho veio era o próprio Deus falando. Na Pessoa do Filho Deus aproximou-se dos homens, e o homem pôde aproximar-se de Deus sem a intervenção de um profeta ou sacerdote. A importância de qualquer coisa que é dita depende principalmente da grandeza e glória da pessoa que o diz. Deus nos falou na mais gloriosa Pessoa — o Filho Eterno. A fim de podermos apreender a grandeza daquele que fala, e assim a importância daquilo que é falado, o Espírito de Deus nos apresenta uma visão dos sete aspectos da glória do Filho.

1. O Filho como Herdeiro de todas as coisas. Filiação e direito à herança são coisas que sempre andam juntas nas Escrituras. Os homens estão tentando possuir a terra, governar os mares, e conquistar o ar. Lutam para obter poder, riquezas, sabedoria, força, honra, glória e bênção. Cristo, por ser Filho, irá herdar tudo isso, pois ele é o Herdeiro designado de todas as coisas, e somente ele é digno de possuir todas as coisas. A longa história do mundo apenas prova que o homem é totalmente indigno de herdar essas coisas. Em qualquer medida em que elas sejam agarradas pelo homem, ele acaba abusando delas para se exaltar a si mesmo e deixar Deus de fora. O poder ele usa para fazer sua própria vontade; as riquezas ele busca na tentativa de ser feliz sem Deus; a sabedoria para excluir a Deus da Criação que pertence a ele; a força para agir independentemente de Deus; a honra para se exaltar a si mesmo; a glória para se exibir; e a bênção para ministrar a si mesmo. No entanto o homem rejeitou completamente Aquele que é o Herdeiro designado de todas as coisas e o pregou numa cruz. Todavia os céus se deliciam em dizer: "Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças" (Ap 5:12). Quando Cristo tomar posse da herança de todas as coisas, ele irá usá-las para a glória de Deus e bênção do homem. No cristianismo somos identificados com o Herdeiro de todas as coisas. Que consolo este para aqueles que, assim como estes crentes Hebreus, sofrem a perda de seus bens.

2. O Filho é Aquele por quem todo o Universo foi criado: "Ele fez os mundos". Não apenas este mundo, mas também todo os vastos sistemas que seguem seu caminho através das imensuráveis profundezas do espaço. Olhamos para frente e vemos que ele é o Herdeiro designado de todas as coisas: olhamos para trás e vemos que ele é o Criador de todas as coisas, grandes e pequenas. A digital do Filho está em toda a Criação.

3. O Filho é "o resplendor da sua glória", a exibição do fulgor da glória de Deus. O filho feito carne apresenta em sua totalidade a glória de Deus. Essa glória de Deus é a combinação de todos os atributos de Deus em exibição. O Filho se aproximou de nós numa forma que nos torna possível vermos Deus sendo apresentado em todos os seus atributos.

4. O Filho é "a expressa imagem da sua Pessoa". Isso vai além de apenas exibir os atributos; trata-se da exibição do próprio Deus, da expressão do seu Ser. O Filho feito Homem era a representação visível daquele que é invisível. É possível exibir os atributos de uma pessoa sem ser a representação daquela pessoa. Todavia, no Filho os atributos de Deus não apenas foram vistos, mas ele próprio era a representação de Deus na Criação. Todas as suas ações mostravam que Deus estava presente conosco.

5. O Filho é o Mantenedor de todas as coisas pela Palavra do seu poder. Ainda que os homens admitam que possa ter existido um fator gerador, eles preferem excluir Deus de toda atividade presente na Criação. Sua concepção de uma Criação é, como alguém definiu, "suficiente em si mesma, como um maquinário perfeito criado para funcionar eternamente sem que existisse uma mão para produzi-lo". A verdade é que o Universo não apenas foi trazido à existência pelo Filho, como ele é também mantido pelo Filho. Nem uma estrela sequer pode manter seu curso, nem um pardal cair por terra, sem que seja pelo Filho.

6. O Filho fez a purificação dos pecados. Ele não apenas é o Criador do mundo, mas é também o Redentor de um mundo caído. Ele, "por si mesmo", cumpriu a obra pela qual os pecados do crente podem ser perdoados e removidos de diante de Deus.

7. A glória da Pessoa do Filho é ainda mais visível pelo lugar exaltado que ele agora ocupa à destra da majestade nas alturas. Ao longo da epístola aos Hebreus isso — que ele assentou-se à destra de Deus — é declarado quatro vezes. Aqui é por causa da glória da sua Pessoa; no capítulo 8 é em conexão com sua presente obra como nosso Sumo Sacerdote; no capítulo 10 a sua posição à destra de Deus é o resultado de sua obra consumada na cruz; no capítulo 12 é por ter alcançado o final da senda da fé.

Havendo assegurado as glórias do Filho em sua passagem pelo Tempo, e em sua posição atual à destra de Deus, o Espírito de Deus segue apresentando as surpreendentes excelências do Nome que Cristo herdou quando manifestado em carne. Nome, nas Escrituras, representa renome ou fama que distingue uma pessoa de outras. Há sete passagens do Antigo Testamento que são citadas para mostrar que Cristo possui um Nome mais excelente do que o de qualquer outro ser criado.

1. Nos versículos 4 e 5 Cristo possui um lugar e um Nome muito acima dos anjos. O Salmo 2 é citado para provar isso, pois vindo ao mundo Cristo assume um lugar muito melhor do que o dos mais exaltados seres criados. Os anjos, por mais abençoada que seja sua posição, não passam de servos; Cristo, por sua vez, é o Filho. Nunca foi dito de nenhum ser angelical: "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei". A verdade é que Cristo é apresentado nas Escrituras como sendo o Filho desde toda a eternidade; aqui ele é proclamado Filho ao ter nascido no Tempo. Alguém, com razão, declarou: "Ele sempre foi o Filho e sempre será o Filho. Ele era o Filho aqui como Homem e não será menos que o Filho por toda a eternidade... Não poderia haver diferença entre o Filho Eterno e o Filho nascido no Tempo, exceto quanto à sua condição".

A fim de mostrar ainda mais que a fama de Cristo excede a dos anjos, é citada uma segunda passagem de 2 Samuel 7:14, dizendo que Cristo não só permaneceu no relacionamento de Filho de Deus ao longo de sua senda neste mundo, como sempre desfrutou dos privilégios característicos desse parentesco, como está escrito: "Eu lhe serei por Pai e ele me será por Filho.".

Mais uma passagem é citada para indicar que o lugar que o Filho ocupa está muito acima daquele dos anjos, pois ao vir ao mundo dele foi dito: "E todos os anjos de Deus o adorem" (Sl 97:7). Ele não apenas era o objeto da adoração nos cenários celestiais, como também, ao vir ao mundo, seja em sua humilhação passada ou em sua glória milenial futura, ele é o objeto de adoração das hostes celestiais. Essa homenagem revela a sua glória, pois se ele não fosse uma Pessoa divina, tal adoração estaria totalmente fora de lugar.

2. O trono que ele ocupa, por ter vindo ao mundo, está acima de todo trono. Deus faz de seus anjos espíritos; do Filho nada é feito, pois ele é chamado de Deus, e contrastando com os tronos dos reis terrenos, o seu trono é para todo o sempre. A citação vem do Salmo 45, que sabemos referir-se ao "Rei". Desta epístola aprendemos que esse Rei, que irá reinar sobre Israel, não é outro senão o Filho — uma Pessoa divina. Os tronos dos homens chegam ao fim por não possuírem um fundamento de justiça, mas o trono do Filho é para sempre, pois seu reinado é em justiça.

3. Em graça ele associou outros consigo mesmo como sendo seus companheiros; mesmo assim, a citação do Salmo 45 nos lembra de que ele possui um lugar acima do de seus companheiros. Enquanto ele, como Pessoa divina que é, é chamado de Deus, ele é também visto como o perfeito Homem sobre a terra, de quem pode ser dito: "O teu Deus te ungiu". Por causa de sua perfeição moral — seu amor pela justiça e ódio pela iniquidade, ele é exaltado acima de todos aqueles que, em graça, ele próprio associou a si mesmo.

4. Toda a Criação abre passagem diante de sua gloriosa Pessoa, daquele que é chamado de Criador. O Salmo 102 é citado para provar que aquele que a si mesmo se humilhou, para se tornar Homem de dores e lágrimas, não é outro senão o Senhor da Criação, por meio de quem a terra e os céus foram feitos, e que, apesar de a Criação envelhecer e perecer, ele permanecerá.

5. O Tempo apresenta suas mudanças e chegará ao seu fim; todavia, da passagem do Salmo 102 aprendemos que não há qualquer mudança nessa gloriosa Pessoa, e que seus anos nunca terminarão.

6. Nenhum inimigo pode permanecer diante dele. O Salmo 110 é citado para nos lembrar de que todo inimigo será colocado debaixo de seus pés. Nos dias de sua carne os seus inimigos o pregaram numa cruz; no dia de sua glória eles serão feitos estrado para seus pés.

7. Cristo, embora assumindo seu lugar como Homem, é maior do que todos os anjos, naquilo que o Salmo 110 aponta que ele é colocado sobre um trono para governar, enquanto os anjos são enviados para servirem, como espíritos ministradores, aqueles que são herdeiros da salvação.

Portanto, embora o Filho se tenha feito carne, sua glória é cuidadosamente mantida. A excelência de seu Nome é vista nesta galáxia de glórias. Sua fama excede a dos anjos; seu trono está acima de todo trono. A Criação pode perecer, mas ele permanece. O Tempo pode cessar, mas os seus anos não terminarão. Os seus inimigos são feitos estrado de seus pés; e ele está assentado à destra de Deus para reinar enquanto outros o servem. Ao entrar no mundo, todas as criaturas do Universo lhe cedem o lugar. — Hamilton Smith


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