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O livro do Profeta Ageu - F. B. Hole

Ao considerar os capítulos 4 e 5 do livro de Esdras, vemos como os adversários de Deus, e o remanescente que voltou de Jerusalém sob a direção de Zorobabel e de Jesua, remanescente o qual havia começado a reconstruir o templo, conseguiram interromper a obra. Também vemos como Deus levantou os profetas, Ageu e Zacarias, e graças ao ministério deles a obra foi reiniciada.

A profecia de Ageu está cuidadosamente datada. É dividida em quatro partes, todas pronunciadas no segundo ano de Dario. A primeira no primeiro dia do sexto mês (1:1), a segunda no dia vinte e um do sétimo mês (2:1), a terceira no dia vinte e quatro do nôno mês (2:10), e a última no mesmo dia (2:20). Em primeiro lugar, notemos que Deus sempre reconhece a validade de Suas próprias ações de governo. Havia posto Israel de lado como nação e havia começado o “tempo dos gentios”, por tal motivo as datas são em relação com a nação que neste momento estava no poder e não em relação com o povo judeu.

Este detalhe deve ter um significado para nós que vivemos nos últimos dias da triste história da Igreja, como corpo professo na terra, sujeita ao santo governo de Deus. Podemos ter uma idéia deste governo ao considerar os capítulos 2 e 3 de Apocalipse dos quais o Senhor, como juiz, examina sucessivamente as sete igrejas. Ali nos fala de tirar o candelabro do testemunho, e de “lutar contra” os maus, . e se há alguma expressão de aprovação somente menciona “pouca força” e de um mínimo de fidelidade.

Faremos bem em recordar isto, com muita humildade. Os vencedores, nas sete igrejas não estão isentos dos penosos resultados do governo de Deus; mas devem vencer as circunstâncias desse momento. O apóstolo Pedro escreve: “É tempo que o juízo comece pela casa de Deus” (1ª 4:17).
Desde então tem transcorrido mais de dois mil anos, um fato que guarda relação com nossa dolorosa debilidade de hoje em dia.

Deus levantou o profeta Ageu por causa da grande debilidade que caracterizava o remanescente que havia voltado de Jerusalém. Um novo rei da Pérsia, Artaxerxes, havia selado o dito contrário a Ciro, e eles deixaram de trabalhar na casa de Deus, e sem preocupação, à vista de todos, começaram a construir suas próprias casas muito bem decoradas e confortáveis. Por isso, o profeta começa dirigindo-lhes uma palavra de reprovação.

Capítulo 1

O povo havia adotado uma atitude fatalista dizendo: “Não é tempo ainda, tempo para que a casa de Jeová seja reedificada”, e se puseram a construir para si mesmos. Há algum tempo atrás escutamos os cristãos dizerem, apesar das palavras do Senhor em Atos 1:18, que o tempo de evangelizar “ até os confins da terra” não havia chegado, e começaram a desenvolver o que consideraram como seus próprios assuntos espirituais. Não havia nada de mais que esses judeus construíssem suas próprias casas, mas o que estava errado era o fato de concentrarem-se nesse ponto, deixando de lado a casa de Deus. Por esta razão Deus mandou a seca e destruiu suas colheitas.

Não há nada de errado em nos ocuparmos com nosso estado espiritual, ao contrário somos exortados a “edificarmos sobre nossa fé santíssima” (Judas 20) , mas, como vemos nos versículos seguintes, deve ser fruto do amor de Deus, que se expressa em compaixão para “alguns” e salvando a “outros “ com temor ( Judas 22-23) . Não nos concentremos em nós mesmos, descuidando da obra e dos interesses de Deus. Essa palavra de nosso Senhor continua válida: “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas “( Mat. 6:33).

O que dizemos de cada um de nós hoje em dia ? Merecemos a reprovação de descuidarmos dos interesses de Deus em favor dos nossos? Temo que sim!
Aceitemos pois a reprovação, na humildade de espírito que convém.

Foi o que fizeram Zorobabel, Jesua e o povo antes de começarem a obra obedecendo a palavra de Deus. Ageu, para eles era o enviado de Deus que levava a mensagem de Deus, assegurando-lhes que Ele mesmo estava com eles na continuação do trabalho. Tanto agradou isto a Deus, que no mesmo dia começaram a trabalhar exatamente vinte e três dias depois de ser dirigida a palavra de compreensão como é dito no último versículo do capítulo um.

O apóstolo escreve: “Se Deus é por nós, quem será contra nós” ( Rom. 8:31), e isto, ainda que anunciado nos tempos do Novo Testamento era igual ao que foi nos tempos passados. O povo não demorou em descobrir que as dificuldades desapareciam quando Deus estava com eles, como nos mostra o livro de Esdras.

Seus adversários reagiram energeticamente quando o trabalho recomeçou, e levaram o fato até ao rei, que invalidou o decreto de Artaxerxes e colocou em vigor o decreto original de Ciro, por ordem de quem o remanescente voltou a Jerusalém. De modo que, uma vez mais, a palavra de Deus era obedecida, e a obediência é sempre o caminho para a benção.

Capítulo 2

Por volta de quatro semanas mais tarde veio outra mensagem de Deus, por boca do profeta Ageu. Desta vez, era uma palavra de alento. Dirigida especialmente as pessoas mais velhas que podiam lembrar do esplendor do templo de Salomão, e , em conseqüência, ver quão inferior seria qualquer templo que pudessem construir. O ânimo que os atingia tinha duplo alcance: primeiro pelo templo presente e segundo pelo futuro. Mas notemos em primeiro lugar que esta passagem nos diz respeito também hoje em dia. Na história da igreja professa, houve certo redescobrimento da verdade e de alguma maneira um retorno a simplicidade das coisas, tal como Deus as havia ordenado inicialmente por seu Espírito, o que é análogo ao retorno do remanescente de Israel ao lugar onde Deus havia posto Seu nome e onde havia tido Sua casa desde muito tempo antes.

Os cristãos piedosos que participaram neste restabelecimento da verdade seguramente viram que tudo isto era muito inferior em glória do que aconteceu em Pentecoste, quando três mil pessoas se converteram e “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão de uns com os outros, no partir do pão e nas orações” ( Atos 2:42). Quão desejável seria que hoje fossemos conscientes de nossa pequenez e debilidade e de tudo o que está em nossas mãos, em comparação com a grandeza do que foi instituído no princípio por Deus.

E se esse fato nos impressiona e nos leva a desanimar-nos um pouco pelo contraste, entretanto podemos confortar-nos descobrindo quão admiravelmente se aplica a nós a palavra pronunciada por Ageu.

O alento para o tempo presente se encontra nos versículos 4 e 5. Deus não só prometeu sua presença como também acrescentou: “Segundo a palavra que concertei convosco, quando saíste do Egito, e o meu Espírito ficou no meio de vós não temais” (Ageu 2:5). Ele lhes recordava Sua promessa imutável de dirigi-los em seu caminho. Havia dado esta promessa no princípio de sua relação com eles, e a ajuda e o poder de seu Espírito permaneciam sempre no meio deles. Se nos perguntassem quais são os recursos que ainda estão a disposição dos crentes hoje em dia podemos responder que sempre temos a palavra de Deus que permanece “desde o princípio”como nos lembra o apóstolo João em suas epístolas.

Por outro lado, temos o Espírito Santo que foi enviado no dia de Pentecostes, e que permanece sempre nos cristãos. Se não for entristecido, seu poder esta sempre a nossa disposição .Assim tão pouco temos de temer nossos inimigos, ainda que sejam numerosos e se as dificuldades estejam sempre presentes.

No que concerne ao futuro, também havia uma palavra de alento, mesmo que havia sido anunciado um tempo de juízo .A terra sobre a qual vive o homem,assim como os céus que a envolvem tremeram, como também as nações que povoam a terra.

Sua própria instabilidade, e a de tudo que os rodeia era motivo de temor para os judeus desse tempo.

E isso nos diz respeito diretamente ,pois, ao final do capítulo 12 de Hebreus, estas palavras de Ageu: “Ainda uma vez”, são citadas fazendo referência ao final dos tempos e a uma destruição definitiva de todas as coisas “moveis”.

E quando esta grande tribulação tiver lugar, “virá o Desejado de todas as nações”(Ageu 2:7), e a casa de Deus será cheia de glória. Não se pode dizer que Cristo seja pessoalmente “o Desejado de todas as nações”, visto que, quando vier em glória todo olho verá.e todas as tribos da terra se lamentarão por ele (Apoc.1:7). Entretanto, as nações sempre desejaram a paz, abundância, prosperidade, tranqüilidade e uma estabilidade como profetizou Isaías 32:15-18. Estas coisas tão desejáveis se realizarão pelo bem dos homens, somente quando o Senhor Jesus voltar. Por isso pensamos que essa palavra profética se aplica bem a vinda de Cristo.

Quando Ele vier trará essas bênçãos aos homens e a glória a “casa de Deus”.

Lemos no versículo 9, “A glória futura dessa casa será maior que a primeira”. A casa de Deus em Jerusalém considerada como se sempre fosse a mesm , ainda que haja sido destruída e reconstruída várias vezes. Por tanto, a glória desta casa em sua última forma será mais radiante que a da casa que Salomão havia construído, quando uma glória visível a enchia, de tal maneira que os sacerdotes não podiam entrar. Ezequiel contemplou esta glória final em uma visão (cap.43). Podemos agradecer a Deus que o mesmo acontecerá com respeito a igreja. Seu estado final, quando for revestida com a glória de Cristo, sobrepujará a tudo o que a caracterizou no princípio.

Ageu apresenta outro motivo de ânimo: “Darei paz neste lugar, disse o Senhor dos Exércitos”(2:9).

Podemos dizer que nenhuma cidade tem tido uma história tão tempestuosa nem há conhecido tantos assédios como Jerusalém. Ainda hoje, Jerusalém segue sendo a causa de conflitos entre as nações, e é justamente o que acontecerá no futuro, como declara Zacarias 14:2. Entretanto, ela será o lugar onde, afinal de contas, habitará a paz.

Por tanto, notemos cuidadosamente que esta benção, glória e paz que devem seguir na grande tribulação aqui profetizada, não serão o resultado de um esforço humano, nem o fruto da fidelidade humana Deus mesmo declara que será o fruto de Sua soberana bondade. O remanescente que voltou de Jerusalém havia prestado atenção na reprovação e na exortação, e havia tomado a direção correta. Que melhor alento poderiam ter recebido ao ouvir Deus dizer o que pensava fazer no final.

Todo mundo sabe que se colocarmos uma maçã podre entre maçãs boas logo todas estarão também podres, mas todo mundo também sabe que se pusermos uma maçã boa entre as podres as podres não voltarão a serem boas outra vez. No serviço do templo este princípio devia ser respeitado ,e como em todas as práticas exteriores prescritas pela lei, aqui temos um ensinamento moral e espiritual.

Prestemos bem atenção pois sempre estamos expostos a todo o tipo de contaminação, seja interna ou externa, ou seja da nossa carne ou do mundo.
A aplicação que Ageu devia de fazer desses princípios tinha o objetivo de esquadrinhar e humilhar o coração do povo. Por ter participado ativamente no trabalho de reconstrução da casa de Deus, poderia haver uma tendência de satisfazer a si mesmo, como se tivesse sido tudo perfeitamente. O profeta lhes disse claramente que não era assim, se não que sua melhor obra estava manchada de imperfeições e impurezas.

Que lição humilhante para eles e para cada um de nós também. Se hoje fosse concedido, por graça, aos crentes algum pequeno despertar, prontamente a carne estaria preparada para introduzir impurezas com toda habilidade a ser estendida para todas as maçãs boas, mas ninguém aceitaria também que uma maçã boa tornaria todas as podres em boas. No serviço do Templo, este princípio deveria ser respeitado, e como em todas as práticas exteriores dadas na lei, aqui temos um ensinamento moral e espiritual para nós.

Fixemos bem nossa atenção nela, pois sempre estamos expostos a todo tipo de contaminação, seja interna ou externa ou dentro de nós ou no mundo.
A aplicação que Ageu deveria fazer destes princípios tinha por objetivo esquadrinhar e humilhar o coração do povo. Ao haver participado ativamente no trabalho de reconstrução da casa de Deus, poderia Ter havido uma tendência de satisfazer-se de si mesmo, como se tivesse cumprido a obra perfeitamente. O Profeta lhe diz claramente que não era assim, mas que a sua melhor obra estava manchada com imperfeição e impureza. Lição humilhante para eles, e para nós também.

Se hoje se concedesse, por graça, aos crentes um pequeno despertar a carne estaria pronta com suas impurezas para introduzir-se com toda habilidade. Corremos o risco de nos tornar como os cristãos de Gálatas que começaram no Espírito e continuaram na carne Gal. 3:3.

Mas, havendo-lhes advertido quanto a imperfeição que manchava sua obra, o profeta logo lhes assegura que, apesar de tudo, a benção de Deus repousa sobre eles. Em contraste com os tempos de escassez, e de tudo que passavam se descuidaram da casa de Deus e se aplicaram a embelezar suas próprias casas. Ocorre o mesmo hoje em dia, existe debilidade e impureza em todos os nossos serviços, mas apesar disso, se o coração é sincero podemos contar com as bênçãos espirituais de Deus.

A freqüência da palavra “meditar”nessa curta profecia, é digna de nossa atenção. Por duas vezes no capítulo um versos cinco e sete o profeta diz ao povo meditar sobre seus caminhos. E no cap;itulo dois versos quinze e dezoito é encontrada por três vezes mas agora dizendo para que considerassem os caminhos de Deus. Deus se agrada em encontrar, ainda que seja, uma pequena medida de energia e de fidelidade para Sua obra, por mais que exista debilidade e impurezas, ainda assim haverá bênçãos.

Mesmo no meio de nossa debilidade atual, conscientes de nossas faltas, frutos da carne podem encontrar aqui ainda muito alimento.

Tivemos então uma palavra de reprovação, de alento, de advertência e agora encontramos uma palavra de exaltação. Essa palavra foi dirigida, pessoalmente a Zorobabel, que era um príncipe da linhagem de Davi ( ver Mat. 1:12). O último versículo do capítulo se aplica ,sem nenhuma dúvida, de certa forma ao próprio. Os reinos seriam derribados, como foi dito em Daniel onze, mas ele seria como um selo pelo qual Deus estabeleceria seus decretos. Como foi cumprido por meio de Zorobabel não sabemos, mas cremos que o Espírito de Deus tinha previsto, não uma exaltação deste homem, mas a exaltação d’Aquele de quem era uma figura, ou seja, nosso Senhor Jesus Cristo.

Assim, parece que temos aqui, no Velho Testamento, uma expressão, pela primeira vez, que se refere a nosso Senhor como a que temos no Novo Testamento que diz: “Porque todas quantas promessas de Deus, são nele sim e nele Amém, para glória de Deus por nós” (1ª Cor. 1:20). Cristo é aquele que não só revelará todos os desígnios de Deus expressados em suas promessas como também os cumprirá plena e perfeitamente para que o Amém final possa ser pronunciado. O apóstolo Paulo acrescenta as palavras: “por nós”porque tinha em vista o que Deus havia prometido aos crentes na atual dispensação.

A mensagem de Ageu termina com uma profecia de exaltação futura daquele a quem adoramos como nosso Salvador e Senhor. Faz de uma maneira típica e simbólica, muitos séculos antes da primeira vinda do Senhor em humilhação. Esperamos o cumprimento, de uma forma muito mais gloriosa que a que Ageu pode conhecer quando vier em Sua segunda vinda e aparecer com toda Sua glória.

F. B. Hole

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