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O menino raptado

"O que faço, não compreendes agora, mas o compreenderás mais tarde." (Jo 13.7 - Bíblia de Jerusalém).

Um imigrante europeu, que havia se estabelecido à beira de uma floresta no Canadá, tinha um bom relacionamento com os índios das vizinhanças e de mui grado aceitava os seus serviços. Vivia ali com sua mulher e um filhinho que era a sua alegria. Porém, as terras que procurava explorar eram de pouca fertilidade.

Um dia, um dos índios chegou à sua casa e, mediante sinais, procurava levá-los à floresta. Eles se recusavam a segui-lo pois não compreendiam suas intenções. Pouco depois, o índio voltou e renovou sua tentativa, mas sem êxito. Então, ao ver o berço do menino, tomou-o e o levou sob o olhar aterrorizado de seus pais. Estes se puseram a persegui-lo, suplicando-lhe que devolvesse seu tesouro.

O índio acabou se detendo em uma ampla clareira da floresta onde crescia uma abundante pastagem. Ao lhes devolver o menino, deu a entender que podiam se mudar para aquelas terras, muito mais férteis que o lugar onde estavam instalados. E assim o fizeram, ajudados por seu amigo, e para grande prosperidade.

Queridos pais que choram por um filho amado: Acaso Deus não agiu com vocês como o índio da história? Ele quer que vocês O sigam, talvez chorando e sem compreender, mas Ele quer atraí-los a Si próprio para fazer com que apreciem o Seu amor. Sim, Ele quer lhes dar uma porção melhor do que todos os bens deste mundo, uma felicidade eterna na casa paterna, na qual vocês voltarão a encontrar aqueles que os precederam na viagem até lá.


"Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei" (Mt 11.28). 
"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens." Mateus 5.16.



Estávamos no último automóvel de uma fila que, com seus faróis acesos, acompanhava um cortejo fúnebre. Ao passarmos cautelosamente pelo farol vermelho, percebemos que mais um carro se juntou a nós, no final da fila, também com suas luzes acesas. Porém, após passarmos pelo cruzamento, aquele carro apagou os seus faróis e saiu da fila, tomando um rumo diferente.


Acaso você é um "cristão oportunista", cuja identificação com Cristo somente acontece quando isto lhe traz alguma vantagem pessoal? Ou, quem sabe, ocorre somente aos domingos? Se assim for, a realidade de seu relacionamento com Ele precisa ser reavaliada. [D. Logan]

Fora do arraial, longe do arraial



https://youtu.be/yBTvj_Ig4LY

"Saiamos pois a Ele fora do arraial levando o Seu vitupério" Hb 13:13. Poderíamos fazer várias perguntas em relação a este versículo da Bíblia. A quem foi dirigido este apelo? Por que foi dirigido? Pode ser aplicado a nós? E, se for para nós, qual é o seu motivo e significado? Busquemos a resposta a estas perguntas no temor do Senhor e para proveito de nossas almas.

Espere! - R. Pilkington

Gostaria de falar a respeito de algo que, creio eu, se puder ser aprendido enquanto somos jovens, será para nós de grande auxílio. Sei, porém, que esta característica é também muito necessária para os anos mais avançados de nossa vida. Vamos ler 1 Samuel, capítulo 10, versículos 6 ao 8, que é onde o povo escolhe um rei.

"E teve compaixao deles" - C. Wolston

Em um mundo de miséria e necessidade, quão bom é conhecermos Alguém cujo coração sofreu isso tudo, tomando sobre Si as nossas dores, e cujas emoções de profundo amor são tão expressivas que podemos vê-las e conhecê-las nestas palavras: "E teve compaixão deles". Marcos 6:34

Aquela bendita face expressava claramente o palpitar de uma misericórdia divina a revolver o Seu interior. O coração se expressava antes mesmo que a mão se movesse para aliviar aquilo que Seus olhos contemplavam. Não se tratava de um sentimento passageiro, uma emoção de momento.

A dor da miséria humana encontrou morada permanente no coração de Jesus. Ele, que é "o mesmo ontem, e hoje, e eternamente", embora esteja agora no trono de Deus em glória, ainda tem "compaixão deles", enquanto olha para nós e assimila toda a miséria e necessidade que sobem em incessante súplica, e com uma intensidade cada vez mais profunda, ao trono de misericórdia.

Se o Pastor de Israel se moveu de compaixão, enquanto olhava para os filhos de Abraão e os via "como ovelhas que não têm pastor", quão profunda deve ser a emoção com que agora o Senhor Jesus contempla os filhos de Deus mais uma vez espalhados! Que terrível estrago os "lobos cruéis" fizeram no "rebanho"! (At 20.29).

Como os pregadores de coisas perversas atraíram "os discípulos após si"! (At 20.30). Quanta divisão, e ofensa generalizada, trouxeram aqueles que "não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre"! (Rm 16.18). Certamente tudo isso aparece com força perante Ele que "amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela" (Ef 5.25).

Mas será que tudo se resumia no fato de ser, o povo de Jeová, "como ovelhas que não têm pastor"? Acaso não foram eles próprios que pecaram? Terá o coração deles sido "reto para com Ele"? Teriam eles sido "fiéis ao Seu concerto"? Ele sabia muito bem que tinham sido exatamente o contrário; a longa e triste história daquele povo perverso e obstinado estava toda diante dEle, "mas Ele, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade" (Sl 78.37,38).

E será que a Igreja do Deus vivo tem sofrido apenas em razão de falsos mestres e guias maus? Acaso terão os filhos de Deus uma história melhor que a dos filhos de Israel? Terão sido menos perversos e obstinados? Terão todos, juntamente, guardado a Sua Palavra? E será que os seus corações têm sido retos para com Ele, que os redimiu com Seu próprio sangue?

Quão bem Ele sabe que os privilégios mais elevados e as melhores promessas apenas revelaram um pecado mais profundo, e, na mesma proporção, menos ainda foi correspondido o Seu amor! Certamente todo coração conhece isto. Quão doce, então, em nossos dias, nos voltarmos para Aquele cuja compaixão não termina e que "como havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim"! (Jo 13.1).

Quão bom era estarem ali e poderem contar com aquele coração profundamente comovido de intenso amor e perdão, que "começou a ensinar-lhes muitas coisas" (Mc 6.34). Embora Ele hoje fale a nós lá do céu, trata-se do mesmo céu que está aberto para nós, não existindo distância para a fé. A ruína e a ignorância encontram-se ao nosso redor. Podemos tão somente perceber a primeira e ministrar à segunda, enquanto permanecemos com Ele que, acima de todo mal, vê tudo e apenas aguarda o momento para o ministério do amor.

Quão bom era estarem ali e poderem contar com aquele coração profundamente comovido de intenso amor e perdão, que "começou a ensinar-lhes muitas coisas" (Mc 6.34). Embora Ele hoje fale a nós lá do céu, trata-se do mesmo céu que está aberto para nós, não existindo distância para a fé. A ruína e a ignorância encontram-se ao nosso redor. Podemos tão somente perceber a primeira e ministrar à segunda, enquanto permanecemos com Ele que, acima de todo mal, vê tudo e apenas aguarda o momento para o ministério do amor.

Aqueles que, em qualquer medida, servem às ovelhas de Cristo nestes últimos e derradeiros dias, precisam ponderar muito estas palavras, dirigidas a alguém no passado, "executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um a seu irmão" (Zc 7.9), enquanto, acima de tudo, permaneçam bem no espírito daquEle que é "misericordioso e fiel Sumo Sacerdote" (Hb 2.17), que, rodeado de fraqueza, e tocado com os mesmos sentimentos que temos, pode "compadecer-Se ternamente dos ignorantes e errados" (Hb 5.2). - C. Wolston

O casaco de peles

O vento gelado já se fazia sentir e as densas nuvens prenunciavam um inverno rigoroso. Buscando precaver-se contra o frio, o caçador dirigiu-se à floresta a fim de matar um urso, do qual planejava fazer um bom casaco de peles. Não demorou muito para encontrar um grande urso vindo em sua direção. O caçador levantou sua arma e, mirando no grande animal, preparou-se para atirar.

- Espere! - gritou o urso, - por que você quer me matar?

- Porque estou com frio - disse o caçador, - e preciso de um casaco.

O urso, mostrando-se dócil e amigo, retrucou: - Compreendo o seu problema, mas entenda que eu também tenho um problema a resolver pois estou com muita fome. Que tal se nós conversássemos a respeito e, juntos, procurássemos uma solução para nossos problemas? Tenho certeza de que poderemos chegar a um consenso!

O caçador concordou prontamente e, sentando-se ao lado do urso, começou a discutir com ele um meio de se chegar a uma solução que deixasse ambos satisfeitos. No final, o caçador acabou bem agasalhado com a pele do urso, e o urso pôde satisfazer sua fome.

Nós sempre saímos perdendo quando tentamos dialogar com o pecado. Ele acabará por nos consumir.

"Seduziu-o com a multidão das suas palavras, com as lisonjas dos seus lábios o persuadiu. E ele segue-a logo, como boi que vai ao matadouro, e como o louco ao castigo das prisões; até que a flecha lhe atravesse o fígado, como a ave que se apressa para o laço, e não sabe que ele está ali contra a sua vida." Provérbios 7.21-23.

Autor desconhecido

Como ser feliz

Querido cristão, jovem ou velho, conserve um relacionamento íntimo com Deus. Quando você descobrir que falhou e pecou, não faça pouco caso disso. Trata-se de algo sério, pois interrompe a sua comunhão, e nada poderá disfarçar essa perda. Portanto, reconheça LOGO e confesse a seu Pai, e receba o Seu perdão (1 João 1.9).

Se foi um caso de falhar para com outros, então não hesite em confessar isto a eles, não importa quão humilhante possa ser. Isto manterá a sua consciência límpida e exercitada, além de promover a comunhão e aumentar o seu gozo. O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia." (Provérbios 28.13.)

Leia a Palavra de Deus. Uma grande razão para o fracasso de muitos que pertencem ao povo querido do Senhor está em não lerem suas Bíblias. Eles parecem não ter apetite para isto. Um capítulo, de manhã e à noite, parece ser tudo o que eles acham necessário. Se eles tratassem seus corpos com uma dieta tão limitada, cedo entrariam em colapso. É excelente cultivar um apetite pela Palavra. Leia bastante, e intercale sua leitura com muita oração em busca de esclarecimento e auxílio, e para que a graça a transforme em bem em sua alma. (Salmo 1.2,3.)

Carregue constantemente com você uma edição ou porção de bolso das Escrituras. Não se envergonhe de ser visto lendo-a. Deixe que ela seja o seu conselheiro. Ali está a sabedoria; ali há luz; tudo o que você precisa está ali. É a voz de Deus, a qual o Espírito Santo faz com que seja ouvida no silêncio do mais íntimo de sua alma, para guiá-lo e aconselhá-lo. É também a COMIDA da nova vida, portanto, "Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo" (1 Pedro 2.2); do contrário você acabará se tornando um anão espiritual. (Salmo 119.11.)

Que você possa ler, grifar, assimilar e digerir sua Bíblia, com muito fervor e oração. Não fique desencorajado se não parecer estar aprendendo muito a cada vez. Você adquirirá o suficiente para a SUA NECESSIDADE, e descobrirá sempre que tem o suficiente para dar a outros se tiver um coração pronto a fazê-lo. "A alma generosa engordará, e o que regar também será regado." (Provérbios 11.24.) Portanto, quanto mais você der, mais receberá para dar, e maior será o seu gozo em dar.

Ore muito. Todos os homens de Deus são homens de muita oração. Eles vivem no espírito de oração e, sempre que acham uma oportunidade, têm prazer em se afastar, sem que os outros percebam, para falarem com Deus. A oração é a expressão da dependência do cristão para com Deus. Trata-se da fraqueza humana se apegando à força do Todo-Poderoso, ligando-se a Ele com expressivo e terno amor. Apóie-se nEle totalmente.

Trate Deus como seu Pai. Exercite para com Ele uma confiança sem restrições. Nunca pense que algo possa ser muito trivial ou sem valor para Ele Se ocupar. "Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós." (1 Pedro 5.7.) Benditas palavras! "TODA A VOSSA ANSIEDADE - ELE TEM CUIDADO - DE VÓS."

Não negligencie sua oração a sós. No momento em que você começa a negligenciar isto, esteja certo de que há algo errado. Pare imediatamente e examine-se, procurando se assegurar de ter o impedimento removido, caso contrário o resultado será uma queda. Não viva para ser visto pelos outros, mas para ser visto por Deus.

Procure as respostas à oração, e volte para dar graças. Não se esqueça de ser agradecido. Faça com que estas coisas tornem-se um hábito constante em sua alma e sua felicidade estará assegurada. (Filipenses 4.6,7.)

"Ora àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora, e para todo o sempre. Amém." (Judas 24,25.)

Gospel Truth Publications

Volte! - M. Persona

"E Jesus lhes disse: Eu sou o Pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede. Tudo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora." (Jo 6.35,37.)

Que convite de amor Cristo nos faz! O mundo nos faz muitos convites e promete uma paz fundamentada em coisas efêmeras que não duram uma vida. Mas o Senhor oferece algo que não passa: "Deixo-vos a paz, A MINHA PAZ vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá." (Jo 14.27.) 

Conta-se que Abraham Lincoln, ao ser eleito presidente dos Estados Unidos, preparava-se para embarcar no trem que o levaria a Washington quando, voltando-se para a multidão que o acompanhara à estação, disse:

- Certo rei ordenou a seus sábios que escrevessem uma frase que pudesse ser usada em qualquer ocasião. E a frase que eles escolheram é a mesma que posso usar nesta ocasião: "Isto também é passageiro".

Muitas vezes somos tentados a voltar ao mundo, vivendo à sua maneira e desfrutando de suas ilusórias "vantagens". Assim desejavam os israelitas durante a peregrinação no deserto, quando estavam enjoados do maná. Aquilo que no princípio tinha para eles o sabor de mel (Êx 16.31), acabou lhes parecendo ter o intragável sabor de azeite fresco (Nm 11.8). Eles se lamentavam, dizendo: "Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; cousa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos." (Nm 11.4-6.)

Quanto engano havia nesse lamento! No Egito eles não passavam de escravos, pois "os egípcios faziam servir os filhos de Israel com durezas; assim lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo". (Êx 1.13,14.)

O mesmo ocorre conosco; logo nos esquecemos de que éramos escravos de Satanás e queremos voltar ao nosso estado anterior, achando que "comíamos de graça". Que triste engano! O mundo tem tanto a oferecer para o cristão como o Egito tinha para o povo de Israel. Nada havia para eles no Egito além de dura escravidão. Do mesmo modo como o povo de Israel foi liberto da escravidão, após uma noite de juízo que se abateu sobre o Egito e que poupou apenas os que pela fé aplicaram o sangue de um cordeiro imolado nas obreiras de suas portas, nós também fomos libertados pelo sangue de Cristo e escapamos do juízo que cairá sobre este mundo e sobre aqueles que rejeitarem o favor de Deus. Mas, assim como os israelitas, após termos sido salvos nos encontramos em um deserto, seco e árido, onde Deus nos sustenta com o "pão da vida" que desceu do Céu (Jesus) e com a água saída da Rocha. ("e a pedra era Cristo" 1 Co 10.4.)

Quão triste é para nosso Senhor, que sofreu tanto para nos salvar, ver os Seus redimidos desejosos de voltar ao seu estado anterior! O quanto vale para nós todo o Seu sacrifício? Nossos olhos sempre se ocupam com aquilo que nos parece de maior valor; e que valor tem para nós o sangue de Cristo derramado em nosso favor? Pilatos, ao apresentar o Senhor à multidão, perguntou: "Que farei então de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado." (Mt 27.22.)

E você, o que fará de Jesus, seu Salvador? Judas O vendeu por trinta moedas de prata, o valor de um escravo. (Êx 21.32.) Quanto vale o Senhor para você? Haverá alguma coisa neste mundo, ou mesmo o mundo todo, cujo valor exceda o daquEle que deu Sua vida por você? Se você se afastou dEle, saiba que Ele não se afastou de você. Como o "filho pródigo" de Lucas 15.11, você já deve ter percebido que este mundo só pode lhe oferecer comida de porcos. Mas o Pai está esperando por você de braços abertos, desejoso de lhe dar o melhor: "o pão da vida". Volte agora mesmo. Confesse a Ele o seu pecado e, ainda que deseje culpar outros por seu afastamento, é com o Pai que você interrompeu sua comunhão e é com Ele que deve se reconciliar em primeiro lugar.

"...tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei mantimento." (Os 11.3,4.)

Mario Persona

Todas as coisas - F. G. Patterson

O que será que quer dizer a passagem em Romanos 8.28, que diz que "todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto"? Acaso as acusações do inimigo, e do nosso próprio coração, contribuem juntamente para nosso bem? Não são coisas agradáveis de se levar, então de que maneira elas contribuem para o nosso bem?

A passagem supõe que já exista a consciência da perfeita liberdade de graça na qual, como crentes, nós nos encontramos:

- "Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" - "A lei do espírito da vida... livrou-me da lei do pecado e da morte"

- "Vós, porém, não estais na carne, mas no espírito"

- O Espírito habita em nós e "testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros..."

Todavia, ainda não estamos de posse da herança, exceto naquilo que se refere a sabermos que ela é nossa, e nos encontramos numa criação que geme, ainda sujeita aos efeitos do pecado do homem: estamos ligadas a ela por um corpo que ainda está sujeito à morte, enquanto aguardamos a adoção, isto é, a redenção de nosso corpo. Fomos redimidos; nosso corpo está habitado pelo Espírito, que nos liga com Cristo nos céus, mas no corpo estamos ligados a uma criação que geme.

Fomos salvos na esperança da glória vindoura e aprendemos em paciência a esperar por ela. Numa tal condição, não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o sentimento divino que é produzido em nós pelo Espírito, se expressa por um gemido inexprimível. Mas naquilo em que o Espírito entra, Deus, que perscruta os corações, encontra em nós a mente do Espírito "que segundo Deus intercede pelos santos". Numa condição assim, embora não saibamos o que havemos de pedir como convém, sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus.

A dúvida, se "as acusações do inimigo, e do nosso próprio coração, contribuem juntamente para nosso bem" não caberia aqui; embora Deus possa fazer (e sem dúvida Ele faz) com que elas sejam transformadas para contribuírem para nossa bênção, pois o inimigo foi calado para sempre no que se refere à nossa aceitação para com Deus. O próprio Deus provou a Si mesmo por nós, e nos justificou, de forma que o Espírito Santo pergunta no versículo 33: "Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?" Ninguém. "Quem os condenará?" Não poderia haver, e nem há efetivamente, acusação contra aqueles que estão em Cristo Jesus.

Quanto às acusações de nosso próprio coração, não temos nada que possa satisfazê-las. Se tivéssemos algo, seria um mau indício. Sabemos que não importa quão profunda seja a descoberta do mal que há em nosso coração, Cristo já o suportou todo, e o pôs de lado para sempre. Não fazemos um juízo suficientemente mau de nós mesmos. A partir do momento em que descobrimos que em nós "não habita bem algum" (Rm 7.18), e nos apossamos de um claro reconhecimento do que somos, que Cristo morreu por nós, e que Ele nos libertou completamente e para sempre, começando a não nos preocupar conosco - teremos chegado à conclusão que tudo o que nos dizia respeito já foi tratado.

O Espírito, que habita em nós, é entristecido com a mais tênue sombra de fracasso ou pecado e, portanto, não leva nossa alma a desfrutar (e nem poderia levar) da posição e da porção que temos. Ele faz com que nos voltemos para olhar o nosso próprio coração a fim de vermos o mal que há nele e tenhamos um exercício de julgar a nós mesmos a esse respeito; talvez seja isso que podemos confundir como "acusações do nosso próprio coração".

A passagem nos mostra, portanto, que em uma tal condição, Deus faz com que todas as coisas contribuam juntamente para o nosso bem (como um precioso consolo em meio às dificuldades e provações) - e desta maneira nosso coração é tranquilizado, na consciência de que os propósitos de Deus são cumpridos em Seu povo e a favor do Seu povo.

F. G. Patterson (Scripture Notes and Queries - 1871)

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